Discurso bélico (Jogos do Poder)

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 JOGOS DO PODER    { 3estrelas.jpg }

Diálogos afiados, respostas na ponta da língua, comentários ácidos… Jogos do Poder é aquele tipo de filme cuja maior força reside nas construções de diálogos. Roteirizado por Aaron Sorkin (das séries The West Wing e Studio 60 on the Sunset Strip), o filme possui muitas das características de Sorkin, como as contantes e rápidas conversas, mas não deixa de perder seu próprio brilho.

Contando a história de como o congressista Charlie Wilson auxiliou na luta do Afeganistão contra a União Soviética, que não havia perdido uma batalha para nenhum outro país até então, o longa de Mike Nichols se sustenta na agilidade e no conteúdo dos seus diálogos e nas atuações. Enquanto Amy Adams continua com suas adoráveis atuações (incrível como mesmo os filmes sejam de gêneros completamente diferentes, ela sempre traz uma certa similaridade para seus personagens), Philip Seymour Hoffman apresenta uma grande performance como o espião Gust, roubando todas as cenas que aparece. Tom Hanks utiliza seu carisma para trazer mais compaixão à Charlie (o congressista drogado e alcóolatra é praticamente transformado por inteiro), e Julia Roberts surge mais uma vez como o elo fraco do grande elenco (o mesmo já havia ocorrido em Closer – Perto Demais, também de Nichols) .

Entretanto, alguns erros do filme são um pouco decepcionantes. Além da já mencionada falta de veracidade ao Charlie Wilson real, alguns outros problemas incomodam bastante, como a má relação entre Joanne e o protagonista (chega a ser desnecessário quando é apresentado ao público que ela se casou, sendo que esse fato não interfere em nenhum assunto no filme), ou até mesmo alguns momentos de direção do Nichols (os ataques aéreos acabam soando mais como plataformas de videogame do que um ataque em massa).

O longa, porém, parece brilhar sempre que foca nas discussões políticas. Seja no conflito Israel e os países arábicos, no comodismo que permanecemos diante a violência, e inclusive em negar auxílio para a reconstrução de um país, Jogos do Poder funciona melhor quando propõe esses temas. Uma pena que essa verve de Sorkin não foi tão bem aproveitada como deveria ter sido.

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 – Ator Coadjuvante (Philip Seymour Hoffman)

3 comentários

  1. Esperava mais da direção de Nichols, mas adorei o roteiro cinico e o elenco excepcinal. Me diverti bastante, acredito ser um caso de identificação. Vai gostar mais quem se sentir a vontade.

    4 estrelas.

  2. Verei este filme no sábado, espero estar diante de um filme no mínimo interessante. Não é possível que a presença de Hanks, Roberts e Hoffman esteja associada à um filme pobre e desagradável.
    Abraço!

  3. // Concordo quanto a direção de Nichols. Achei um pouco decepcionante… Ainda bem que o roteiro é de Sorkin.

    // Você disse certo, Weiner. Ele é interessante, mas não é nada além disso. Tem suas qualidades, mas tem inúmeros defeitos.

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